sábado, 26 de março de 2016

Repostagem - ESMIRNA – APOCALIPSE 2. 8 a 11


COMENTÁRIO BÍBLICO DE APOCALIPSE AS SETE IGREJAS
ESMIRNA – APOCALIPSE 2. 8 a 11

A HISTÓRIA DA CIDADE


Esmirna é a moderna Izmir na atual Turquia, localizada na costa Ocidental da Ásia Menor, tem um porto de frente para uma baía cuja brisa refresca a cidade durante os meses de verão escaldante e está suprida de um clima aprazível. O porto estimulava a indústria e o comércio, que desenvolveram a cidade numa metrópole comercial. Uma estimativa de sua população nos dias de Paulo atinge a cifra de 250.000 habitantes, a qual nos tempos modernos pode ser quase duplicada. Era uma cidade próspera que ficava no final de uma rodovia principal que cortava os campos férteis do vale Hermo.
______________________________________________________________________

SUA POLÍTICA

Politicamente, a cidade bandeou para o romanos e veio a ser um aliado leal. Já em 195 a.C., ela dedicou um templo ao imperador romano Tibério e se gabava de ser a principal no culto ao imperador. Essa jactância agradou aos administradores romanos, os quais fomentavam a paz e a unidade que caracterizavam o espírito de Roma por todo o império. William Barclay escreve que, tornar o espírito de Roma tangível, os romanos apresentaram o imperador como sendo sua incorporação, e assim surgiu o culto ao imperador. Ainda que alguns imperadores descordassem de tal culto, a população o ativou ao ponto de torná-los divinos.
______________________________________________________________________

A RELIGIOSIDADE DA CIDADE

A cidade de Esmirna era enaltecida como a cidade mais bela com respeito aos seus edifícios, templos de Zeus e Sibele, e o traçado nas ruas. Ela era conhecida como “a coroa de Esmirna”. O nome se originou dos edifícios da cidade, cujo aspectos sinétrico tinha forma de uma coroa. Além dos edifícios, a natureza também contribuiu para a beleza de Esmirna. A cidade era abençoada com muitos bosques de árvores, entre as quais árvores cujo a resina produzia uma goma aromática de um castanho avermelhado ou castanho amarelado chamado “mirra”. A palavra mirra no grego “smyrna” aparece no Novo Testamento  como um dos presentes preciosos que os magos do Oriente levara a Jesus no seu nascimento, e também usado no processo de embalsamento que Nicodemos levou ao túmulo de Jesus – Mateus 2.11 – João 19.30 – ver também Êxodo 30.23 – Salmo 45.8 – Cantares 5.5 e 13.
______________________________________________________________________

A POPULAÇÃO JUDAICA NA CIDADE

A população judaica de Esmirna era de bom tamanho, pois são mencionados como uma força que se opunha a hostilidade à igreja local. Caluniavam os primeiros cristãos, denominando-se judeus, mas na realidade pertenciam a sinagoga de satanás, e moviam perseguições contra os seguidores de Cristo. Por que tão aferradamente se opunham contra a igreja não é possível responder, enquanto os membros da igreja de Esmirna eram afligidos pela pobreza, os judeus tinham riquezas. Por exemplo, segundo um inscrição do segundo século, os judeus de uma só vez doaram a soma de dez mil denários para um projeto de embelezamento da cidade.

O registro de sua oposição ao cristianismo está conectado com o martírio de Policarpo, que em 23 de fevereiro de 155 foi morto devido a sua recusa de negar o nome de Jesus. Ele fora bispo de Esmirna por muitos anos. Como já idoso, ele respondeu ao procônsul que lhe dava escolha de amaldiçoar o nome de Jesus viver, ou confessar e morrer: “Servi a Cristo durante oitenta e seis anos e ele nunca me fez mal, como posso blasfemar meu Rei que me salvou?” por isso foi sentenciado a morrer numa estaca. O registro indica que os judeus tomaram a dianteira, ajuntando madeira para o fogo. Ainda que fosse dia de sábado (sabbah), deliberadamente carregaram feixes de madeira transgredindo as leis.     
______________________________________________________________________

A IGREJA DE CRISTO EM ESMIRNA

Não se pode estabelecer uma data precisa para fundação da igreja de Esmirna. Judeus devotos da província da Ásia estiveram na festa de Pentecostes em Jerusalém quando o espírito Santo foi derramado – Atos 2.9 – e alguns deles poderiam ter sana volta levado o evangelho a sua cidade nata. Quando Paulo foi a Éfeso no inicio dos anos 50, ele ou seus associados poderiam ter instituído a igreja na cidade. Na carta de policarpo à igreja em Filipos poderia indicar que o conhecimento de Cristo ainda não havia chegado a Esmirna quando Paulo escreveu, em 62, escreveu sua carta aos Filipenses: “Pois ainda não o (Cristo) conhecíamos”. Inácio, bispo de Antioquia da Síria, foi levado a Roma como mártir em 110. De caminho, ele deteve em Esmirna, onde escreveu quatro cartas às várias igrejas; e depois, quando descansou em Trôade, escreveu outras três cartas, uma delas foi endereçada à igreja em Esmirna.

Durante o período em que Paulo ficou em Éfeso, na sua terceira viagem missionária, “todos habitantes da Ásia” ouviram o evangelho de Jesus – Atos 19.10. Pedro incluiu os eleitos forasterios da Ásia entre os destinatários de sua primeira carta – I Pedro 1.1 – É bem possível que a igreja em Esmirna, esteja incluida nestas citrações. Mas, a primeira vez que ela é identificada por nome é nas citações de Apocalipse. Por isso, não temos informações especificas sobre a igreja, além dos quatro versículos desta carta ao anjo da igreja em Esmirna. O pouco que sabemos é positivo. Esta carta elogia e encoraja, sem oferecer nenhuma crítica dos cristão em Esmirna.
______________________________________________________________________

ESMIRNA NA ATUALIDADE
 
Esmirna, em turco Izmir também conhecida como “Smyrna e Smirne”, é a cidade do sudeste da Turquia situada na região do Euge. É a capital a área metropolitana ¨Büyüksehir Belediyes” e da província homônima. Em 2012, a população da érea metropolitana era 3.366.977 habitantes, o que faz a terceira cidade mais importante da Turquia e o segundo maior porto, a seguir a Istambul e Ancara.

Esmirna é muitas vezes chamada “a perola do Euge”. É considerada a cidade mais ocidentalizada da Turquia quanto a valores, ideologia, estilo devida, e papeis de gênero.
______________________________________________________________________

MITOLOGIA

De acordo com Estrabão, Esmirna era o antigo nome de Éfeso, e o nome deriva de uma amazona que conquisto Éfeso. Outros autores porém, mencionam Esmirna como mãe de Adónis: sua mãe teria dito que ela era mais bela que Afrodite, e a deusa a amaldiçoou, fazendo com que ela se apaixonasse pelo próprio pai; desta união nasceu Adónis. Segundo William Smith, o nome da cidade deriva da mãe de Adónis.
______________________________________________________________________

A CARTA A ESMIRNA – APOCALIPSE 2. 8 a 11
A COROA DA ÁSIA MENOR

Apocalipse 2.8 – “Ao anjo da igreja em Esmirna escreve; Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver”

Ao anjo da igreja em Esmirna escreve ...” – Policarpo que significa “muito fruto”, foi discípulo pessoal do Apóstolo João, homem muito consagrado, foi o primeiro pastor da igreja de Esmirna, bem como principal instrumento do poder de Cristo. Eusébio em sua História Eclesiástica conta-nos como se deu seu martírio. Policarpo foi levado à arena, lugar dos jogos Olímpicos, um dos maiores teatros abertos da Ásia Menor, parte da qual construção permanece de pé até hoje, e martirizado dia 23 de fevereiro de 155, neste dia uma multidão exaltada começara a gritar “Morram os ateus, busquemos Policarpo” Policarpo poderia ter-se escondido, mas teve uma visão, num sonho, na qual viu incendiar o travesseiro onde apoiava a cabeça. Um escravo que sabia o lugar onde se encontrava, foi torturado até falar. Então foram prendê-lo. Durante uma breve viagem foi-lhe ordenado que se retratasse e que abandonasse a Cristo, dando sua lealdade ao imperador romano, como se fora um deus. Quando foi introduzido no circo, ouviu-se uma voz do céu que disse: “Seja forte, Policarpo e aja como um homem”. Fora-lhe ordenado que dissesse: “Fora com ao ateus, isto é, com os cristãos”, isso ele fez, mas fazendo um gesto largo com as mãos, indicando a população hostil das arquibancadas, compostas de pagãos. Foi-lhe ordenado que jurasse pelo “Gênio César”, confessando assim a divindade do imperador. Isso ele se recusou a fazer. Foi ameaçado de ser morto pelas feras, mas não demonstrou qualquer temor. Foi resolvido que o queimariam na fogueira. O procônsul se opôs a tais providências, mas sem resultado. Os judeus ali presentes se alegram muito e trouxeram madeira para fazer a fogueira, até os juízes quebraram a ordem da lei que lhes proíbe carregar qualquer coisa no dia de sábado, estavam entre os primeiros a trazerem madeira para construir a “pira” de Policarpo. Quando lhe foi dito que se retratasse, ele zombou do fogo que tinham feito, e relembrou seus algozes do fogo muito mais terrível das chamas do juízo eterno, que os ímpios terão de sofrer. Então, disseram: “Esse é o mestre da Ásia, o pai dos cristãos, aquele que derruba por terra os nossos deuses e que tem ensinado e muitos a não sacrificarem e nem adorarem os imperadores romanos”, ante ás ameaças deles, que instavam para amaldiçoar a Cristo, respondeu: “Por oitenta e seis anos tenho servido a Cristo, e ele nunca me fez mal algum, como posso blasfemar de meu rei, que me salvou?”. Quando estava para atá-lo ao poste, Policarpo lhes disse: “Deixa-me como estou, porque Aquele que me dá força para suportar o fogo me permitirá permanecer imóvel sem a segurança de pregos”. Ato continuo, foi preparada para ele a fogueira; mas segundo se diz, o fogo fez um arco ao seu redor, ficando ele entocado, no meio das chamas. O verdugo que estava próximo vendo que as chamas não o queimaram, entretanto, matou-o com golpe de sua adaga. E quando se fez isso saiu do seu peito uma pomba, e muito sangue, que apagou o fogo, e toda multidão se maravilhou de que fosse tão grande a diferença entre os incrédulos e os escolhidos.

Policarpo, nasceu em 69 d.C, morreu em 159 d,C. Para nós ele representa a igreja dos mártires, a constância cristã sob mais severas perseguições, o que é o tema mesmo da carta em nossa frente. Policarpo foi martirizado meio uma coragem invencível, e foi recompensado com a coroa da vida, por aquele que também tivera morte terrível, mas que triunfara em sua ressurreição, Jesus, o Senhor.

... da igreja ...” – Não se tem certeza dos primórdios da igreja em Esmirna, embora se tenha conjecturado que resultou dos labores do Apóstolo Paulo na Ásia Menor, com ajuda do Apóstolo Pedro – Atos 19.10 e I Pedro 1.1.

É possível que Paulo tenha visitado Esmirna em sua terceira viagem missionária a Éfeso. Muitas cidades foram evangelizadas naquela área, sem que disso haja qualquer menção especifica no livro de Atos. Entretanto, Esmirna se encontrava entre elas. Alguns discípulos de Paulo, talvez convertido em Éfeso, possivelmente tenham sido os primeiros cristãos evangelistas a levar o evangelho a Esmirna.

Simbolismos das igrejas – Este livro foi escrito originalmente ás sete igrejas da Ásia Menor, atual Turquia. Mui provavelmente, uma cópias foi enviada a cada comunidade local, ou então única cópia deveria ser lida e enviada a comunidade seguinte. Naturalmente havia muito mais do que sete comunidades cristãs na Ásia Menor, sabemos que naquela região tinha sido fundadas igrejas de Colossos – Colossenses 1.2 e 2.1 – Hierápolis – Colossenses 4.13 – Trôade Atos 20.5 – abaixo alaremos obre as sete igrejas. 

1. Sendo elas em número de sete, representando a igreja universal, bem como a igreja cristã estabelecida na Ásia Menor;

2. O número sete, por ser um número místico, foi usado propositalmente por João. Assim é que neste livro, também temos sete selos, sete julgamentos por trombetas, sete personagens, sete visões dos adoradores do Cordeiro e da besta, sete juízos das taças, sete visões sobre a queda da babilônia, sete visões de como satanás será derrubado do seu reino e destroçado. Por isso a tradição visa a mensagem divina enviada à igreja universal, misticamente representada pelas sete igrejas da Ásia Menor;  

3. É possível que as sete igrejas representa, profeticamente, sete estágios da história da igreja cristã, até ao tempo de segunda vinda de cristo;

4.  Essas sete igrejas representam as condições espirituais das igrejas cristãs em qualquer época histórica;

5. Sete igrejas literais daquela época que precisavam instruções as quais estão contidas neste livro. Portanto, Apocalipse em parte é um livro histórico. Supomos que muitas de suas profecias, a começar do quarto capítulo deste livro, também  representam condições existentes nos fins do primeiro século de nossa era, bem como dos primódios do segundo século;

6. Se desenharmos um mapa dessas cidades na ordem que aparece no décimo primeiro versículo, descobriremos que ele forma um circulo, que é igualmente sinal da perfeição. É possível que João tenha propositalmente escolhido essas cidades a fim de formar um circulo geográfico, desta maneira representando a igreja universal;

... Esmirna ...” – Ela tornou-se uma das cidades da Ásia Menor mais prospera. Foi fiel aliada a Roma, desde os tempos quando os romanos começaram a intervir nos negócios do Oriente Próximo, e muito antes de ter-se estabelecido com um império mundial.

Competia com Éfeso e Pérgamo pelo titulo de Primeira cidade da Ásia. Em 26 d.C foi-lhe permitido construir um templo dedicado a Tibério, e o senado romano. Por causa desse privilégio, pode reivindicar o direito ao “Neocorato Imperial”, que foi lhe dado por Hadriano e Severo. Essa aliança com Roma, tornou-a um forte centro de culto ao imperador, a adoração obrigatória ao imperador romano. Isso deixou os cristão dali em circunstância desesperadoras, e a perseguição e a morte foram resultados apenas naturais para eles.

O nome dessa cidade significa “mirra”, substância extraída de uma planta por esmagamento. Era usado na fabricação de perfumes e também aromas para embalsamamentos. Estes fatos ilustram as condições que existiam na comunidade cristã dali, quando o livro de Apocalipse foi escrito. Os cristãos dali foram literalmente esmagados, tornando-se um perfume suave cheiro a Deus; embora esmagados até a morte, foram preservados em espírito, de modo a poderem viver eternamente.

... escreve ...” – A ordem de escrever ocorre por treze vezes neste livro – (Apocalipse 1.11 e 19 – 2. 1,8,12 e 18 – 3. 1,7 e 14 – 10. 4 – 14.3 – 19.9 e 21.5), uma vez em cada uma das sete cartas. O intuito do Senhor era que a revelação fosse preservada; e até a forma escrita é a melhor maneira de preservar uma comunicação. – Habacuque 2.2 – “Escreve a visão, grava-a sobre tábuas, para que a pessoa que a passa ler até quem passa correndo

As visões de Apocalipse foram escritas a fim de serem publicadas. Sua mensagem merecia publicidade. Somente no caso dos sete trovões no que concerne ao livro de Apocalipse – é que seu significado deveria ser selado – Apocalipse 10.4     

Quem manda o Apóstolo escrever ao anjo da igreja é Jesus Cristo – Essas cartas constituem exclusivamente das palavras de Cristo, mas diferentemente das parábolas, ou sermão do monte, foram ditadas dos céus, depois de que ele ressuscitou e foi glorificado. Essas palavras são únicas registradas em seus discursos que chegaram até nós. Elas chegaram até nós com admoestações sete vezes reiterada, de que devemos ouvi-las e guardá-las no coração.

...Estas coisas ...” – Isto é, o conteúdo da carta que segue, com sua advertência e promessa.

... diz o primeiro e o último ...” – Com essa expressão “Primeiro e Último”, Jesus define sua divindade como sendo igual a Deus. Também podemos encontrar o mesmo título de Cristo em Apocalipse 21.6, onde é amplamente comentado. Consideremos os pontos:

1. Cristo é o primeiro, quanto ao tempo e a importância;
2. Ele é a fonte originária de toda e qualquer vida, seu principio mesmo;
3. O fato que Cristo é o primeiro, equivalente à declaração que ele é o “Alfa” e o fato de ser o último e ser ele o “Omega”

Alfa – Essa é a primeira letra do alfabeto grego. Apontando para Cristo com criador, como origem de todas as coisas.

Omega – É a última letra do alfabeto grego. Deus é o alvo de toda a criação. Nesta ultime declaração também se vê o Alfa e o Omega, pois tudo foi feito para sua glória. Todas as coisas foram criadas nele e para ele.

Na Midrash lê-se que o selo de Deus consiste de três letras do alfabeto hebraico “alefe é a primeira letra, men é a letra do meio e tave é a última letra do alfabeto”. Portanto, Deus é tudo para todos, o que também é dito acerca de Jesus Cristo em – Efésios 1.23. a passagem de Isaias 44.6 – “Assim diz o Senhor: Rei de Israel, seu Redentor, o Senhor dos exércitos: Eu sou o primeiro e o último, e além de mim não há deus

4. Cristo é o arquétipo de toda criação, o plano mestre, cuja estatura e glória aumentam e são promovidas na criação que dele se originou. Ele é também a “primeira causa” de onde tudo mais procede; ele é a “ideia” da criação.      

Na qualidade de último, pode-se dizer o seguinte:

1. Ele é a razão mesma da existência;
2. Ele é o principio após morte;
3. Ele é o alvo de toda a existência, o Omega. Embora, de modo e não ser meramente o “principio” mas igualmente o “último”.

... esteve morto e tornou a viver ...” – Jesus, é aquele que morreu na cruz do Calvário, venceu a morte e está vivo. Por todo Apocalipse está compreendido o contraste entre Deus e Satanás, Cristo e o Anticristo. Portanto, o Anticristo, surgindo como a besta que emerge do mar, tinha uma ferida mortal contudo viveu – Apocalipse 13.3,12 e 14.

Essa descrição do Anticristo revela sua insidiosa imitação da morte e da ressurreição de Cristo. A diferença consiste que Cristo venceu a morte, tem as chaves da Morte e Hades e, como aquele que vive, comunica vida a sua povo. A besta, isto é, Anticristo ferido a espada, é lançada viva, com o falso profeta, no lago de fogo que arde com enxofre -  Apocalipse 13.14 – 19.20.

Essas palavras se repetem o que diz o décimo oitavo versículo do primeiro capítulo, mas formam uma declaração muito apropriada para consolo dos mártires.

Esmirna era sede do mito do deus Dionisio, o qual teria sido morto mas ressuscitou. A igreja recebeu da parte de Cristo, uma promessa válida sobre a vida ressurreta; e essa sempre tem sido a esperança da igreja cristã. É obvio que na ressurreição apara viva eterna não será um corpo material e nem composto de partículas atômicas, porque seria impossível que qualquer coisa sobrevivesse nas esferas celestes. – I Coríntios 15. 35 a 58.

Apocalipse 2.9 – “Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia do que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo antes, da sinagoga de satanás”

Conheço a tua tribulação ...” – No grego é usado o termo “thipsis” que significa “pressão, opressão”, que é derivado de “thibo” que significa “pressionar” ou “pressionar junto”. Metaforicamente é usada para indicar aflição no Novo Testamento, normalmente tem sentido de “perseguição” aquela forma de pressão que nos atinge, devido a má vontade e ao ódio de nosso semelhantes.

No presente contesto as perseguições movidas pelas autoridade romanas estão particularmente em foco, as quais vinham sendo comandadas pelo imperador Domiciano, chamado segundo Nero.

A expressão “Sinagoga de Satanás”, mais abaixo indica, que talvez muitos judeus ajudavam a perseguição contra os cristãos, embora fosse o império romano que oficialmente exercesse a pressão. Portanto foram quase trezentos anos de sofrimento, estaria em foco neste tempo. Dificilmente alguma família cristã não tinha algum mártir entre seus membros.

Alguns cristão buscavam o martírio. As matanças religiosas tornaram-se tão comuns naqueles tempos na história da igreja cristã que, naqueles séculos, havia homens que se reuniam em busca do martírio. Entre um desse, de nome Germânico, um homem obre e rico, mas também cristão devoto, embora muito jovem, recusou-se a negar a Cristo, quando o procônsul tentou levá-lo a isso, devido sua juventude. Ele combateu as feras de maneira singular, atraindo para si e abraçando-se a elas com violência, assim apresentando sua libertação para via eterna. Outra homens de nome Quinto, que liderou um grupo a arena, em busca de martírio, quando viu o leão, acovardou-se, retratou-se, fez o juramento a Cezar, como se fosse um deus e queimou incenso ao gênio de Cezar, o suposto guardião divino.  

... pobreza ...” – Jesus dirige-se a cada cristão de Esmirna individualmente usando o pronome possessivo singular “sua”, isto é, ele está plenamente cônscio da tribulação e da pobreza que cada cristão tem suportado em prol do nome de Cristo.

O termo grego usado aqui é “ptocheia”, a qual se refere à desprezível pobreza de um nadamendigo. Aqueles cristãos eram pobres, mas não porque não trabalhassem, sendo essa a causa mais comum da pobreza, mas devido às perseguições que sofriam. Suas propriedades eram confiscadas ou destruídas, eles eram encarcerados, eram reduzidos a nada pela ira do imperador. A simples sobrevivência tornou-se um problema pela falta de alimento.

É inegável que a igreja primitiva se compunha principalmente de pessoas pobres, mas a alusão, neste caso, é a pobreza forçada e crítica produzida pela perseguição, e nãos se tratando da pobreza natural e crônica das classes inferiores.

Quando nos agarramos a coisas econômicas, terrenas, em riquezas, tem sempre pobreza espiritual por consequência. Entretanto não se pode possuir nada? O Apóstolo Paulo diz: “Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura, com de fome; assim como de abundância como de escassez” – Filipenses 4.12 – Mas logo que nos agarramos a nossos bens, logo se começa a fazer exigências, fica-se espiritualmente pobre.

... Jesus Cristo sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela as pobreza, vos tornastes ricos ...” – II Coríntios 8.9 – Será que isso significa que todos temos que devemos todos ficar pobres? Não, pois não se trata de justiça por obras. Mas, significa desligar-nos interiormente dos nossos bens. Podemos usufruir de todo com ações de graça de tudo que recebemos, mas devemos ao mesmo tempo colocar tudo sob o altar; em outras palavras, devemos estar a qualquer momento estar dispostos a abrir mão, renunciar tudo por amor a Cristo.

O que precisamos ter em mente é: “Não é importante o que temos ou deixamos de ter, a abastança ou a necessidade não pode interferir em nosso relacionamento com Deus”

... mas tu és rico ...” – Se olharmos literalmente o texto nos parecer muito contraditório. Como alguém pode ser pobre e rico ao mesmo tempo? Em que eram ricos? Nas riquezas espirituais. Isso pode ser comparado ao caso da igreja de Laodicéia, era rica quanto as riquezas materiais, porém, paupérrima quanto as riquezas espirituais e da alma. “... pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu é infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu” – Apocalipse 3.17 – Portanto é veraz aquela declaração que diz: “As olhos de Deus existem homens ricos que são pobres e homens pobres  que são ricos” – Certamente o padrão do mundo é a ostentação pelo ouro e prata, sucesso e status, porque o homem carnal tem sua vida imersa no materialismo, no conforto no dinheiro, etc. em confronto com isso o homem espiritual (cristão verdadeiro), não busca construir seu império neste mundo, onde o ladrão rouba, a ferrugem corrói, porquanto não deixam as influências do mundo dominá-lo.

Temos aqui, portanto, os ricos pobres de Esmirna e os pobre ricos de Laodicéia

O Apóstolo Paulo escreve aos coríntios a respeito dessas condições: “Jesus sendo rico, contudo se pobre por causa de vocês,  para que, através da sua pobreza, vocês se tornassem ricos” – Jesus sublinha que espiritualmente Esmirna era ricos.

Existem riquezas que nos são conferidas pelo “ouro testado no fogo”. O fogo representa agonia, mas essas riquezas adquiridas são permanentes em contraste com as riquezas terrenas. Se quisermos ser verdadeiramente ricos, antes de tudo teremos de fixar os nossos corações sobre as verdadeiras riquezas, vivendo para coroa celestial.

Alguns textos para meditação mais profunda:

Mateus 6.19 a 21 – “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam;mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.

Mateus 6.24 – “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.

Lucas 12. 20 – “Mas Deus lhe disse: Louco, essa noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado, para quem será?

I Timóteo – 6.17 a 19 – “Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida.

I Timóteo 6.10 – “Porque, o amor do dinheiro é raiz de todo mal ....

... a blasfêmia dos que a sim mesmo se declaram judeus e não são ...” – Jesus falou da blasfêmia contra si e contra o Espírito Santo no contexto da expulsão de um demônio numa pessoa cega e muda – Mateus 12. 22 a 32 – o clérigo do judeus deviam ser os primeiros a reconhecer o Messias quando curou o cego – Isaias 29.18 – 32.3 – 35. 5 – 42.7 – Além do mais aos judeus foram confiadas as próprias palavras de Deus – Romanos 3.2 – de modo que deveriam ver as promessas messiânicas cumpridas em Jesus Cristo. Em vez disso, tornaram-se, e continuaram veementemente oponentes a Cristo e sua doutrina. Conhecer a verdade acerca de Deus e negá-la intencionalmente equivale a blasfêmia.

Jesus, porém como Messias, usufruía de divindade e autoridade em pé de igualdade cm Deus,de modo que alguém que , conscientemente seria culpado de blasfêmia. Os judeus de Esmirna se recusaram a reconhecer Jesus como Messias e o amaldiçoaram. Por isso não eram mais chamados de judeus, isto é, filhos de Abraão, os cristão verdadeiros passaram a ser chamados de filhos de Abraão no lugar dos judeus que rejeitavam a Cristo, e em seu lugar faziam alianças com satanás.

Estas palavras acima poderiam aludir as seguintes coisas:

1. Os hereges gnósticos, que talvez estivessem afirmando serem o novo Israel. Possivelmente reduziam a Cristo a apenas um dentre muitos “Aeons” (emanação angelical), e perverteram as Laís judaicas, com razão podiam ser chamados “sinagogas de satanás”;

2. O vidente João se referia as judeus de real nacionalidade que ajudavam os romanos nas perseguições contra os cristãos, e que, por essa razão tinham perdido o direito de serem chamados de Israel de Deus.

Sabemos que o judaísmo era muito forte em Esmirna, e hostil ao cristianismo. O livro de Atos nos fornece de continuo um quadro assim. Tal livro juntamente com o evangelho de Lucas foi escrito para mostrar que o cristianismo era superior ao judaísmo, por obter mais elevado nível de expressão espiritual.

... blasfêmia ...” – Não somos informados acerca do significado exato disso. E possível que se trata de uma  das seguintes coisas:

1. A difamação da pessoa de Cristo, em que se falavam mal dele e o insultavam, além de rejeitarem-no como o Messias prometido aos judeus

2. Talvez também estivessem em foco a crueldade e os insultos dos judeus contra os discípulos de Cristo, porquanto tudo quanto alguém pratica contra o menor dos seguidores de Cristo, é reputado como feito contra o próprio Cristo.

... se dizem judeus e não são ...” – m Não que aquela gente não pertencesse a raça judaica, mas aos olhos de Deus não mereciam ser contados entre seu povo escolhido, pelo fato de terem rejeitado o próprio Messias, e se tornado perseguidores de fé dos discípulos de Cristo, esta atitude os desqualificava como judeus.

Veja a declaração do Apóstolo Paulo – “... porque nem todos de Israel são de fato israelitas ...” – Romanos 9.6 -  E ainda – “Porque não é Judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não segundo  a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus” – Judeus verdadeiros são aqueles confiam em Cristo, os quais por si mesmo conquistaram legitimo direito de se chamarem judeus, e que possuem privilégios espirituais. 

... sinagoga de satanás ...” – Os romanos tinham concedido aos judeus de Israel e os da dispersão a isenção da práticas religiosas romanas. Deram-lhes o direito de observarem sua própria religião, a qual era conhecida como uma religião licita, quanto ao cristianismo veio a existência no Pentecostes, os cristão estavam salvos sob esta proteção romana outorgada aos judeus até a destruição do templo em 70 d.C. desde então os judeus passaram a figurar entre os primeiros a acusar os cristãos aos romanos; diziam que os cristãos honravam ao Senhor Jesus, e não a Cesar. Consequentemente os cristãos não mais desfrutavam da proteção civil, mas foram caluniados, perseguidos e com frequência assassinados. Aqueles judeus que falsamente acusavam os seguidores de Cristo aos romanos, e intencionalmente os oprimiam, na verdade eram agentes de satanás, os quais vieram a ser líderes de suas sinagogas. E não equivalente dizer que todos os judeus rejeitaram a Jesus e que satanás governava todas as sinagogas. Jesus escreveu as igrejas de Esmirna e Filadélfia como lugares onde satanás instigava a blasfêmia e se estabelecia nas sinagogas locais. – Apocalipse 2.9 e 3.9

Apocalipse 2.10 – “Não temas as coisas que tens a sofrer. Eis que o diabo está pra lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulações de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida”

Não temas as coisas que tens de sofrer ...” – Uma vez mais Jesus pronuncia as palavras “não temas” – Apocalipse 1.7. Agora, fala ao cristão individualmente, expandido a expressão “não tenha medo de tudo”. Aquele que está no controle de cada situação sabe o que jaz adiante de seu povo, ele revela que estão para passar um período de sofrimento.

A expressão mostra os pontos seguintes:

1. Nem sempre é prometido ao cristão a liberdade da perseguição, e das tragédias mais diversas, a despeito de quanto ele ora em favor disso – II Coríntios 12. 8 e 9;

Algumas vezes o sofrimento é inevitável. Basta-nos lembrar de vida de Jesus Cristo, não foi poupado qualquer tipo de sofrimento, nem mesmo da morte vergonhosa da cruz; as, finalmente ele triunfou. – Lucas 22.42 – “Pai, se queres, passa de mim esse cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a Tua

2. O problema do mal nos é assim trazido vividamente à atenção. O mal, a tragédia e o sofrimento podem provir da vontade pervertida do homem, e os inocentes podem sofrer por ela. A própria natureza pode afligir  a todos, com inundações, incêndios, desastres, enfermidades e a própria morte. Geralmente aqueles que se dizem “ateus” costumam questionar: pois como um Deus todos bondade, que é igualmente onisciente e todos poderoso permite que exista o sofrimento? Porque Ele não impede? Pois diz que pode fazê-lo, se assim o quiser. A resposta é simples, Deus não livra porque ele não quer, e sim  porque os homens não O teme mais, nem tão pouco se relacionam com Ele com deveria ser. Deus é amor, mas não força ninguém a fazer o que não quer.

Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não são para comparar com a glória eterna reservado ao cristão.

II Coríntios 4.17 – “Porque nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação

Essa deve ser a resposta do cristãos ante o problema do mal. Aquilo que acontece neste plano terreno não é final, não havendo tristeza, dor , enfermidade que os céus não possam curar.

Está escrito em Apocalipse 21.4 – “E lhes enxugará dos olhos todas lágrimas, e a morte já não existirá, já nãohaverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” – Na glória ao haverá mais sofrimento. Mas, somente através da comunhão com o sofrimento de Cristo, que isso é possível. – Isaias 53.5 – “mas ele foi transpassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas pisaduras fomos sarados”    

 “... o diabo está pra lançar em prisão alguns dentre vós ...” – O Novo Testamente defende a rela existência de um diabo pessoal, a epítome mesma da maldade, tal como expõem a real existência de Deus pessoal, a súmula do bem.

Os cristão de Esmirna deviam estar cientes de que estavam enfrentando uma guerra espiritual frente e frente com o diabo. Daí receberam a ordem para se porem em alerta, pois o diabo incitaria as autoridades para pender algumas pessoas da congregação a fim de serem mortas.

Satanás mostra-se ativo na esfera terrena, contando com muitos agentes para confundir aos homens e prejudicá-los. Os romanos com ajuda dos judeus, foram encaradas pelo vidente João como uma obra de satanás.

Um dos aspectos dessa perseguição é que haveria encarceramentos, sabemos que quando o livro de Apocalipse foi escrito, as detenções ocorreram, principalmente sob acusação de traição, posto que os cristãos se recusavam a participar dos cultos ao imperador e adorá-lo como se fora um deus.

...prisão ...” – A prisão pode ser uma medida para subjugar uma pessoa pessoal rebelde, uma interrupção enquanto  pessoa culpada aguarda o julgamento, ou prelúdio da execução. O encarceramento dos cristãos era um período intermediário de sofrimento, os mesmos sabiam que estavam aguardando para serem martirizados em nome da sua fé. Veja como Pedro aguardava em cárcere o momento de ser entregue a morte como havia sido Tiago. – Atos doa Apóstolos 12      

... para serdes postos à prova ...” – Testados por meio de espancamentos, insultos, privações de alimentos, nas celas escuras, frias e imundas das prisões, estavam os cristãos. Ali seriam provados se realmente seriam fieis a Cristo.

... tereis tribulação de dez dias ...” – O termo usado aqui é o “thipsis”, que é usado no nono versículo deste capítulo.

No Apocalipse, o número dez significa a plenitude no sistema decimal. É um número simbólico para expressar a completude do período de sofrimento. Quanto aos dez dia, há diversas interpretações, conforme lemos abaixo:

1. Dez é o número do sistema mundial, pelo que essa tribulação seria um violento assalto contra o maligno sistema político de Roma contra a igreja cristã;

2. Provavelmente indica um período curto. A carta de Inácio a Esmirna afirma: “Eles desprezaram às torturas deste mundo, comparado ao custo de uma hora, o livramento da punição eterna”. O breve período de tribulação sofrido pela perseguição romana não era nada considerando o regozijo da eternidade com o Senhor Jesus.

3. Pode indicar também que a igreja tenha sofrido dez perseguições distintas, desde o reinado de Nero a Diocleciano. As perseguições sofridas por esta último foram mais severas de todas, e perduraram dez anos.

Apenas em uma catacumba de Roma foram encontrados a ossada de aproximadamente cento e setenta mil cristãos. Os cristãos sofreram sob os imperadores – Nero, Domiciano, Trajano, Marco Aurélio, Severo, Máximo, Décio, Valeriano, Aurélio e Diocleciona. 

... se fiel até a morte ...” – Isso indica o martírio, e não aguentar tudo até o fim, como se fosse algo paralelo a “quem perseverar até o fim, será salvo”, embora haja verdade nisso. Esmirna é representada pela “igreja dos mártires”, e aclamada como portal para vida eterna.

O nome da cidade Esmirna significa “mirra”, uma fragrância usada na fabricação de perfumes a embalsamentos. A mirra foi uma das substancias usada no sepultamento de Jesus – João 19.39 – A mote dos mártires de Esmirna, é uma fragrância que tornou conta da casa inteira de Deus.

... coroa da vida ...” – Ela também aparece nos escritos de Tiago 1.12 – e pode ser traduzida como “plenitude da vida”, é um emblema da “mais elevada alegria, felicidade, e de glória e imortalidade”.

É preciso termos em mente que, Cristo primeiramente recebeu a “coroa de espinhos”, antes de ser dada a coroa da vida. O mesmo aconteceu com os mártires, e até certo ponto no caso de todos cristãos.

A coroa de Cristo – Em alguns lugares nas proximidades do pretório os soldados encontraram alguns ramos de espinhos. Não se sabe se a planta da qual extraíram os ramos era a “Spina Christi” ou “Arbusto Palinrus”, como alguns pensam, essas plantas possuem grandes espinhos que poder alcançar cerca de sete centímetros, e tão rígido que podiam ser utilizados como pregos pelos romanos. Os botânicos tem opinado que poucos países das dimensões da Palestina tenham tanta variedades de plantas espinhosas. É de pouca importância a identidade das espécies. Muito mais significativo é o fato de que se mencionam cardos e abrolhos em Gêneses 3.18, em conexão com a queda do homem.

Jesus é retratado como portador de maldição que está na natureza, com o fim de livrar dela tanto a natureza quanto a nós. Com crueldade infernal, os soldados, havendo feito uma coroa desses ramos espinhosos, vestem na cabeça de Cristo. Ela representava não uma coroa imperial, mas uma coroa que seria apropriada para o “Rei dos Judeus”. O que estava engajado nesta cerimônia demoníaca seria, escarnecer-se de Jesus e torturá-lo.       

Metáforas usada para coroa da vida:

1. Talvez esteja por detrás dessa metáfora a idéia das competições gregas. O vencedor recebia a coroa de louros. Mas também pode estar aqui em vista a idéia da coroa usada na coroação real. Aqueles cristão reinariam com Cristo – Apocalipse 1.6 e I Pedro 2.9. – ou seja, “reis sacerdotais”. Os reis eram coroados, mas a mesma coisa sucedia aos sacerdotes – Zacarias 6.11 e 14. – Poderíamos contrastar a durabilidade dessa coroa com as coroas de louro ou de flores, concebidas aos vencedores das antigas competições olímpicas. – II Timóteo 2.5 e I Coríntios 9.25.
   
2. A coroa era uma representação poética da “recompensa ou galardão”. Os galardões consistem do grau que participamos da vida eterna e da natureza de Cristo, com atributos e poderes que acompanharão as mesmas – I Coríntios 3.14 e II Coríntios 5.10.

3. A via eterna está em foco, o que também figura em – Apocalipse 2.7 – sob o símbolo da “árvore da vida”. O cristão vira a participar na vida da família divina – Hebreus 2.10 – Obterá a plenitude de Deus – Efésios 3.19 – Participará literalmente da natureza de Cristo, por ser filho de Deus, a semelhança do Filho – Romanos 8.29 e II Coríntios 3.18.

Existem outras idéias a respeito da coroa, neste versículo, vejamos:

1. Os sacerdotes superintendentes da falsa religião de Esmirna recebiam uma coroa, após completarem um ano de oficio. Isso seria símbolo de suas realizações religiosas e de seu serviço real. Por semelhante modo o cristão verdadeiro possui uma recompensa inigualável, devido à sua vida de serviço e lealdade ao Senhor.

2. A coroa será o ponto final de todo temor. O sofrimento faz parte essencial do cristianismo, por  tratar-se este da presença de Cristo em um mundo hostil. O mundo odiará ao cristão que for semelhante a Cristo. – Mateus 5. 11 e 12

3. Esmirna possuía um dos maiores anfiteatros da Ásia Menor, onde eram efetuados os jogos olímpicos. Nenhum vencedor daqueles jogos receberam um coroa que se possa comparar com aquela de Cristo nos oferece.

4. No mundo pagão era costume usar coroa e arranjos de flores na festas e banquetes. A coroa era símbolo de alegria e festividade. Ao terminar a vida, quando o cristão foi leal, terá a alegria de participar do banquete celestial como hóspede e convidado de Deus.

5. Os pagãos tinham costume de pôr na cabeça uma coroa quando iam ao templo de seus deuses. A coroa era uma forma de assinalar o fato de que ia comparecer perante seus deuses. Ao terminar sua vida o cristão que tinha sido fiel a alegria de comparecer perante a presença de Deus.

6. Por último, alguns eruditos pensam que nesta menção de uma coroa, faz-se referencia ao halo ou auréola que rodeia os seres divinos e santos nas representações pictóricas. Se fosse assim, o significado é que os cristãos, se forem fieis a seu chamado, serão coroados com a vida que pertence exclusivamente a Deus. Tal como disse João: “Seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-lo como Ele é” – I João 3.2
     
Apocalipse 2.11 – “Quem tem ouvido, ouça o que o Espírito diz as igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte”

Quem tem ouvido, ouça o que o Espírito diz as igrejas ...” – Essa frase foi emitida pelos lábios de Jesus Cristo durante seu ministério terreno, porém aqui aparece com um complemento “O que o Espírito diz a igreja” ocorrendo em cada uma das cartas individualmente. – (2.7,11,17,29 e 3.6,13,22). Trata-se de uma solene chamada, para que se aplique o que acaba de ouvir. Já que Cristo é apresentado como quem fala, não admira que a forma de expressão seja similar a declarações genuínas de Jesus nos evangelhos. – Mateus 11.15 – 13.9.43 – Marcos 4.9,23 – 7.16 – Lucas 8.8 – 14.35.

Essa é uma expressão usada acerca de verdades radicais. As sete cartas deveriam ser lidas nas igrejas – Apocalipse 1.3 – poucas pessoas poderiam lê-las pessoalmente, mas todos poderiam ouvir a leitura dessas instruções. . Portanto já que eram capazes de ouvir, porque seu aparelho auditivo estava em funcionamento então, deveriam ter sabedoria de dar ouvidos e de pôr em prática o que lhes estava sendo lido.

A primeira parte dessa sentença é uma expressão que se refere ao ato de ouvir mecanicamente ou fisicamente, ela vem acompanhada em dar ouvido.a segunda parte é uma ordem para ouvir atenta e obedientemente as palavras do Espírito Santo. Jesus fala através do Espírito como também se faz ouvir em outras passagens das escrituras. – João 14.26 – 15.26 – 16.13 e14 – Atos 2.23.

Os ouvidos que ouve. Um dos mas solenes estudos da Bíblia inteira é aquele que concerne ao ouvido que ouve.

No fim de quarenta anos passou no deserto, Moisés diz Israel que embora tivessem visto tantos prodígios, Yahweh não lhes dera, côo noção olhos para verem e ouvidos para ouvirem – Deuteronômio 29.4 – E quando se achavam na Terra de Canaã também não deram ouvidos aos mensageiros de Deus os Profetas, a Isaias – “Ouvi, ouvi, e nada entendais, vede,vede mas nada percebais, torna insensível o coração do povo endurecendo-lhes os ouvidos e fechando-lhes os olhos, para que não venham ver com os olhos, a ouvir com ouvidos e entender com o coração, e se convertam , e sejam salvos” – Isaias 6.10 – O profeta Jeremias clama: “ouvi agora isso,ó povo insensato e sem entendimento que tendes olhos e não vedes, tendes ouvidos e não ouvis – Mas não lhe deram ouvidos nem atenderam, porém andaram nos próprios conselhos e na dureza do seu coração maligno; andaram para trás e não para diante desde o dia que vosso pais saíram da terra do Egito, até hoje, enviei-vos todos os meus servos , os profetas, todos os dias, começando de madrugada, eu vos enviei; mas não deste ouvidos, nem me atendestes; a cerviz fizeste pior que seu pais” – Jeremias 5.21e 7.24 a 26  

Essas citações não da apenas lugar a interpretação fatalista , mas põem toda culpa sobre o endurecimento do coração e o desprezo dos ouvintes.

Podemos citar outras diversas passagens que refutarão no mesmo sentido – Ezequiel 12.2 – “Filho do homem, tu que habitas no meio da casa rebelde, que tem olhos para ver e não vê, tem ouvidos para ouvir e não ouve, porque é tu casa rebelde”  - O ouvir sem a devida reação positiva produz a ilusão fatal; a capacidade dos homens se esquecem do que diz Tiago 1. 22 a 24 – “Tornai-vos pois, praticante da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos, porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante assemelhar-se-ão homem que contempla, no espelho, o seu rosto natural, pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era seu rosto”    
      
O Senhor Jesus chegou até a dizer para seus discípulos, no barco – “...ainda não considerastes, nem compreendestes?tendes o coração endurecido? Tendo olhos não vedes? E,tendo ouvidos, não ouvis?” – Marcos 8.17 e 18

E não podemos esquecer-nos do que fala o Apóstolo Paulo – “pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo sua próprias cobiças, como que sentido coceira nos ouvidos se recusarão a dar ouvidos, à verdade, entregando-se as fábulas” – II Timóteo 4. 3 e 4.
 
Ora, por nada menos do que sete vezes nos e por oito vezes no livro de Apocalipse, ecoa aquela chamada vital, aberta e particular – “Quem tem ouvidos, ouça o que diz o Espírito as igrejas

1 – Visam a todos os membros da igreja.
2 – Só podem ser colocadas em prática pelos que possuem discernimento espiritual, por aqueles que buscam o mesmo, de tal modo que ponham em prática o que ali e encontrado.
3 – Procedem elas do Espírito, porquanto foi ele quem as proferiu; por conseguinte, só podem ser discernida espiritualmente, por serem imperativos  divinos.
4 – O significado dessas declarações transcendem ao que é terreno, e presente; fornece-nos um vislumbre da glória futura.
5 – Essas mensagens foram dirigidas à comunidade religiosa, coletivamente, porém, também aplica-se individualmente.

... as igrejas ...” – A mensagem foi dirigida não somente a igreja de Esmirna, e sim as sete igrejas da Ásia Menor, para onde foi originalmente enviado o livro de Apocalipse. Acredita-se que cada uma das sete igrejas recebeu copia da carta de Apocalipse dos capitulo dois e três. Naturalmente elas representavam a igreja universal.

... o vencedor ...” – Trata-se de um elemento comum em todas as cartas enviadas as sete igrejas de Apocalipse na Ásia Menor – Apocalipse 2. 7,11,17,26, - 3.5,12,21 – Dá a entender aquele que tem a capacidade espiritual da praticar o que lhe foi ordenado. No grego era um termo militar. Somos retratados como quem está empenhado em um conflito espiritual armado – Efésios 6.11.

Em cada uma das sete igrejas de Apocalipse há um “vencedor”. Em cada época, haverá vencedores, a despeito dos problemas e das crises diferentes que tiverem de enfrentar. 

O vencedor neste ponto aparece como alguém invulnerável para a segunda morte, o que não é nenhuma promessa pequena. Tremendas bênçãos espirituais em todas as sete cartas deste livros são prometidas aos vencedores, e são exclusivamente a esses. O que dizer do restante? A resposta é clara, as bênçãos espirituais não poderão ser conferidas àqueles que não se atiram à batalha, a fim de vencerem. O arrependimento nada será, se não resultar em conversão genuína. A conversão nada será se não resultar em santificação. A lealdade a Cristo precisa ser mantida a qualquer custo, porque doutra maneira, não poderemos ser transformados segundo a imagem de Cristo, assim chegando ao estágio superior da glorificação. Somente os vencedores são verdadeiros cristãos, os outros são apenas espectadores da igreja. Supostamente se convertem, mas apenas supostamente.

... de modo algum sofrerá dano da segunda morte.” – Somente no livro de Apocalipse de todo o restante do Novo Testamento se acha a expressão “segunda morte”. Supomos que o vidente João aluda tal expressão a “ira de Deus”, ao “julgamento dos incrédulos”

Ao vencedor é dada a promessa de não ser afetado pela segunda morte. A primeira morte significa o falecimento físico de alguém, a segunda morte é espiritual, a eterna separação de Deus.

Apocalipse 20.6 – “Bem-Aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil anos

Apocalipse 20 14 e 15 – “Então a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, e o lago de fogo E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo” – Ser lançado dentro do lago do fogo, naturalmente simboliza o fato de não ter atingido a verdadeira vida em Cristo, a participação em sua vida divina. Trata-se de uma perda irreparável e infinita para o homem, cujo destino é ser filho de Deus, participando de sua plenitude, e de sua própria natureza – Efésios 3.19 e II Pedro 1.4. Os que passarem pela segunda morte perderão tudo isso, o individuo que não atinge essa modalidade de vida, conforme é descrito aqui, morto segundo a terminologia bíblica. Isso sucede porque a vida verdadeira não é mera sobrevivência da alma ente a morte física, mas é uma forma de vida extremamente elevada, a participação na própria forma de vida de Cristo.  

Os santos podem sofrer a morte física nas mãos dos perseguidores, mas nunca serão separados de Deus. Em contraste os ímpios serão lançados no fogo e sofrerão morte eterna, isso não significa que serão aniquilados, mas o castigo que jamais acaba.
______________________________________________________________________
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Morar em Esmirna no primeiro século não seria fácil para os discípulos de Jesus. Além das perseguições pelos judeus, eles enfrentavam uma ameaça mais organizada e mais poderosa. A idolatria oficial, juntando a religião à força do governo, prometia uma perseguição perigosa aos cristãos da cidade. Para vencer esta tentação, teriam que acreditar no poder daquele que já venceu a morte. Mesmo se morressem fisicamente, as suas vidas seriam garantidas somente se mantivessem sua confiança no eterno Senhor. – “O primeiro e o último, que esteve morte e tornou a viver
______________________________________________________________________


FONTES DE ESTUDO

Estudo de Apocalipse de Jesus Cristo – Dennis Allan
Comentário do Novo Testamento  - Willian Barclay
Novo Testamento interpretado Versículo por Versículo – R. N. Champlin
Comentário Novo Testamento – Apocalipse – Simon Kistemarker
Estudos no Livro de Apocalipse – Reverendo Hernandes Dias Lopes

Apocalipse de Jesus Cristo – Um comentário a nossa época – Wim Malgo

Nenhum comentário:

Postar um comentário